Hospital Edson Ramalho está com o CTI interditado pela própria direção

Corpo técnico detectou uma paciente com a super bactéria KPC e decidiu não mais receber paciente no CTI para evitar dissiminação

O Hospital Edson Ramalho, em João Pessoa, está com o Centro de Terapia Intensivo (CTI) interditado com sete pacientes internados, depois que a direção do hospital detectou, através e exame laboratorial, que uma paciente está com a bactéria KPC. A medida, segundo o diretor executivo do Hospital, coronel Thaelmam Queiroz, foi tomada para evitar que a bactéria se alastre e contamine outros pacientes.

O promotor de Defesa da Saúde de João Pessoa, João Geraldo Carneiro, e representantes dos Conselhos Regionais de Medicina, Enfermagem, Odontologia, Fisoterapia, Nutrição, Serviço Social Farmácia, de Engenharia e Arquitetura, e do Corpo de Bombeiros estiveram no Hospital, na manhã desta quinta-feira (9) para inspecionar a unidade hospitalar. Uma série de irregularidades foram detectadas, a exemplo de outros hospitais já fiscalizados, como a presença de pacientes em leitos nos corredores, leitos masculinos e femininos dispostos em um mesmo ambiente, pacientes internados há mais de oito dias alojados em cadeiras, medicamentos fora do prazo de validade, entre outros problemas.

“O caso do CTI é gravíssimo. Mas, de certa forma, a gente elogia a medida tomada pela própria direção que, ao detectar a bactéria KPC em uma das pacientes que veio de Patos, de pronto determinou a interdição do CTI com os outros seis internos, que estão em processo de observação. Eles podem ser pacientes iminentemente também contaminados por essa bactéria”, afirmou João Geraldo, observando que essa foi uma boa medida para evitar a “dissiminação dessa contaminação da bactéria”.

Falta de higiene

Um dos fatos que escandalizou o promotor de Justiça foi a falta de higiene na cozinha, que apresenta um piso mal conservado, molhado, com aspecto de sujo. Ele observou que a higienização necessário ao ambiente hospitalar do porte do Hospital Edson Ramalho e a troca do piso, na opinião do promotor, poderia melhorar em 70% a higienização da cozinha. “São medidas que as vezes o gestor público pode, dentro das suas possiblidades e nas necessidades que a unidade precisa, resolver isso da forma mais urgente possível e menos dispendiosa”.

Medicamentos vencidos

Os representantes do Conselho Regional de Farmácia detectaram que a Farmácia Central do Hospital é inadequada. O material hospitalar após ser esterelizado retorna ao local de origem e fica exposto a contaminação. O CRF também encontrou medidamentos com prazo de validade vencida, inclusive, no bolco Cirurgico, havia anestesia, agulha e bisturi fora do prazo de validade. O Dimors, que é uma moprfina, estava vencida desde março deste ano.

Pacientes no corredor

Pelo menos três pacientes idosos estavam expostos no corredor do Hospital, instalados em macas. Em outro ambiente de urgência, homens e mulheres dividiam o mesmo espaço, a maioria instalados em cadeiras que seriam de cama, a exemplo da senhora Dulcimar Fernandes que está há oito dias interna na urgência do hospital, com problemas de pâncreas. “Ela tem problemas de coluna e está sem poder dormir esses dias, porque está mal acomodada nessa cadeira”, protestou Dulcinéia Fernandes, filha de dona Dulcimar.

No mesmo local se encontrava o senhor Benedito Fernandes de Sousa, de 107 anos, que estava vestido com uma camisa e uma fralda geriátrica. Também a senhora Josefa Vicente da Silva, 63 anos, portadora de câncer e sentindo fortes dores, estava internadas há três dias, aguardando um posicionamento do médico para transferi-la para o Hospital Napolão Laureano.

Pedacinho do céu

Mas nem tudo no Hospital Edson Ramalho está com problemas. A UTI Neonatal foi um dos poucos setores que apresentou eficiência e boas condições de atendimento, bem como o Banco de Leite. Estes setores estão com uma estrutura totalmente nova e com equipamentos modernos. “Acho que o hospital tem alguns pontos positivos como o Banco de Leite, a UTI Neonatal, cujo funcionamento espetacular é fruto de uma ação civil pública promovida pela Promotoria da Saúde no Governo anterior. À época, o governo não queria financiar os leitos necessários e o hospital estava a ponto de fechar e nós intervimos com uma ação civil pública, o que obrigou o Estado a fazer o repasse de mais de R$ 80 mil mensais”, relatou João Geraldo.

Palavra da direção

O diretor executivo do Hospital Edson Ramalho, coronel Thaelmam Dias de Queiroz, disse que a unidade hospitalar é como todos os outros hospitais que passam pelas mesmas dificuldades: superlotação, uma procura muito grande por atendimento e poucos recursos. “A direção tem feito o possível está fazendo o o possível para amenizar a situação. Como vocês estão vendo, algumas reformas estão sendo feitas, para tentar amenizar a situação. Mas infelizmente sofremos com a superlotação e atendemos uma média de 500 pessoas por dia, em torno de 250 por turno”, declarou o coronel Thaelmam.

De acordo com o diretor técnico do Hospital, tenente-coronel Agripino Melo, atualmente a unidade hospitalar recebe R$ 600 mil de custeio do Estado e em torno de R$ 800 mil do SUS, mas necessitaria de receber o dobro deste valor para dar uma assistência melhor aos pacientes.